La Niña deve continuar no verão: aumento de chuva é esperado no Rio Grande do Sul
Para os próximos meses, há uma probabilidade que permaneçam as condições do fenômeno La Niña, o que deverá contribuir para o aumento das precipitações no verão. É o que indica o boletim de janeiro, fevereiro e março de 2021 do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs). As previsões apresentadas para o trimestre são resultado do Modelo Regional Climatológico implementado no Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPMet/UFPel) e do modelo do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
A previsão indica para o mês de janeiro precipitação pluvial um pouco acima do padrão climatológico para todo o Estado. Para o mês de fevereiro, o prognóstico é de precipitação pluvial irregular com valores próximos do padrão climatológico. Para março são previstas precipitações pouco abaixo do padrão no sudoeste do Estado e próximas do padrão climatológico nas demais regiões. As temperaturas deverão ficar acima do padrão climatológico em todo o trimestre no Rio Grande do Sul.
“É importante ressaltar que o prognóstico de precipitação pluvial na média ou ligeiramente acima da média no trimestre janeiro/fevereiro/março de 2021, não significa, obrigatoriamente, que eventuais períodos de estiagem não ocorrerão”, alerta a coordenadora do Copaaergs, Loana Cardoso.
Segundo a pesquisadora, o boletim diz que há tendência de que as chuvas apresentem distribuição temporal e espacial irregular, ou seja, podem ocorrer sequências de dias sem chuva, e as mesmas, quando ocorrerem, podem ser localizadas, de elevada intensidade e em curtos períodos. “Além disso, é importante considerar que o prognóstico de temperaturas acima da média indica aumento da demanda evaporativa da atmosfera e consequentemente aumento da demanda hídrica das culturas.”
O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 14 entidades públicas estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período:
Orientações técnicas para as culturas
Arroz
. Racionalizar o uso da água disponível através de técnicas de manejo adequadas, tais como movimentação mínima da água nos quadros e manutenção de baixas lâminas de água;
. Utilizar adubação nitrogenada em cobertura de acordo com a expectativa de produtividade. Atentar para o fato de que há tendência de temperaturas do ar acima da média histórica em janeiro, o que pode antecipar, em alguns dias, a data de ocorrência da diferenciação da panícula.
Feijão
. Nas regiões em que a cultura está em desenvolvimento vegetativo, fazer adubação em cobertura quando o solo apresentar umidade adequada;
. Irrigar, quando necessário, preferencialmente durante a floração e o desenvolvimento de vagens;
. Na safrinha, escalonar a época de semeadura e, se possível, utilizar mais de uma cultivar, respeitando o zoneamento agrícola.
Milho
. Escalonar a época de semeadura e utilizar cultivares de ciclos diferentes;
. Para reduzir a competição por água no solo, evitar semeadura com altas densidades de plantas;
. Fazer adubação em cobertura quando o solo apresentar umidade adequada ou quando houver previsão de ocorrência de precipitação pluvial;
. Reservar água para irrigação, priorizando os períodos críticos da cultura: floração e enchimento de grãos;
. Se houver demanda por alimentação animal, poderá ser realizada semeadura de milho para obtenção de silagem.
Soja
. Nas semeaduras no mês de dezembro utilizar, preferencialmente, cultivares de ciclo tardio;
. Se houver disponibilidade de água para irrigação, destiná-la, preferencialmente, à floração e ao enchimento de grãos.
Hortaliças
. Dar preferência ao sistema de gotejamento para evitar molhamento foliar e otimizar o uso da água;
. Em ambientes protegidos (túneis e estufas), proceder à abertura o mais cedo possível no lado contrário ao vento;
. Dar preferência por mudas com torrão (sem raiz nua). Evitar a produção de mudas em recipientes que acarretem redução do sistema radicular;
. Usar cobertura (tela de sombreamento e outras) para reduzir a radiação solar sobre as plantas.
Fruticultura
. Manter a vegetação de cobertura do solo, espontânea ou cultivada, associado às práticas de manejo na linha e na entrelinha, de forma a preservar a umidade do solo e evitar processos erosivos;
. Em função de prognóstico de temperaturas do ar acima da média, atentar para o monitoramento e controle da ocorrência de insetos e de doenças (destaque para míldio e podridões). No caso de insetos pragas atentar para a possibilidade de maior incidência de mosca das frutas, traças dos cachos e ácaros filófagos no final do ciclo;
. Controlar o excesso de crescimento vegetativo das frutíferas. Realizar poda verde para promover maior aeração e insolação no dossel vegetativo, criando condições adequadas à formação dos frutos, em termos de sanidade, coloração e acúmulo de açúcares;
. Nesse ciclo, os pomares estão apresentando grande uniformidade na evolução da fenologia e no desenvolvimento dos frutos, em relação à média dos últimos três ciclos produtivos. Em função dessa uniformidade e do prognóstico de temperaturas do ar acima da média nos próximos meses, recomenda-se o emprego de práticas de manejo para escalonar as datas de colheita, seja para evitar o excesso de demanda e a concentração de mão de obra para essa prática, quanto para possibilitar a colheita no ponto ideal de maturação e sem perdas, principalmente nos pomares de macieira;
. Em pomares jovens, em caso de falta de chuvas, prever a suplementação com irrigação para favorecer o estabelecimento das plantas, dando preferência à irrigação por gotejamento;
. Na possibilidade de irrigar, priorizar métodos de irrigação localizados (gotejamento ou microaspersão).
Silvicultura
. Caso o produtor florestal tenha necessidade de realizar o plantio no trimestre janeiro/fevereiro/março, as mudas florestais devem apresentar um sistema radicular bem formado e recomenda-se utilizar irrigação para garantir maior sobrevivência das mudas no campo.
Forrageiras
. O prognóstico de chuvas na média ou ligeiramente abaixo da média nos meses de fevereiro e março torna importante o aumento do estoque de forragens na propriedade, seja no campo (redução da carga animal ou diferimento de potreiros), seja através de forragens conservadas (feno ou silagem);
. No manejo das pastagens, procurar manter a cobertura do solo através de resíduo relativamente alto, manejando o pasto de acordo com a lotação animal recomendada para cada forrageira (ex. 12% de oferta de forragem em campo nativo);
. Utilizar suplementações estratégicas para as categorias dos rebanhos mais necessitados nos períodos em que ocorrerem estiagens;
. Em caso de falta de chuvas, indica-se, quando possível, a irrigação de pastagens cultivadas.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural