Com alta da carne, IPCA acelera em dezembro e fecha 2019 em 4,31%

Resultado é o maior desde 2016, quando ficou em 6,29%; inflação de dezembro subiu 1,15%, o maior índice para o mês desde 2002

A disparada no preço das carnes no fim de 2019 impulsionou a inflação oficial no País medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador fechou o ano em 4,31%, um pouco acima da meta de 4,25% perseguida pelo Banco Central. O IPCA  de dezembro subiu 1,15%, maior alta para o mês desde 2002.

Os preços subiram por conta do aumento das exportações para a China, que enfrenta uma crise de abastecimento; pela alta do dólar; e também por conta dos preços da arroba do boi. O avanço desses preços ampliou a demanda por outras proteínas, como frango e peixes. Por isso, esses alimentos
ficaram mais caros no mês. As carnes subiram 18,06% no mês e 32,4% no ano. Em dezembro, também pesaram no orçamento familiar os aumentos na gasolina, nas passagens aéreas e nos jogos de loteria. A crise da peste suína africana, que levou a China a abater quase um terço de seu rebanho de porcos, é a principal razão para a forte alta no preço da carne no Brasil, que ampliou suas exportações para o país asiático.

Riscos 
Embora tenha ficado consideravelmente além do que especialistas esperavam até poucos meses atrás, o resultado não oferece risco para a política monetária, avaliou o economista-chefe da corretora Ativa Investimentos, Carlos Thadeu de Freitas Filho. Segundo o economista, o choque nos preços das carnes não gera preocupação para o comportamento da inflação em 2020. A pressão na cadeia de proteínas parece ter ficado concentrada nos últimos meses de 2019, opinou. E os bens de consumo duráveis e semiduráveis ficaram mais baratos, lembrou. 

O economista da Ativa Investimentos prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantenha a taxa básica de juros, a Selic, em 4,5% ao ano na reunião de fevereiro e observe o desempenho dos próximos indicadores econômicos antes de decidir por um eventual novo corte no
juro. 

Apesar da surpresa na reta final de 2019, o cenário inflacionário continua benigno, sem indícios de pressões da demanda, corrobora Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE. Para ele, a retomada da atividade econômica ainda é lenta. Ficou mais concentrada nos últimos meses de 2019. Essa melhora na economia e no mercado de trabalho pode vir a afetar o IPCA de 2020, mas, por ora, a inflação é de restrição de oferta, concentrada em carnes, não é de demanda, garantiu. 

“Nos preços dos serviços, que têm uma influência de demanda forte (a aceleração em dezembro), foi um componente sazonal. Nesse mês, a pressão foi de alimentação fora de casa, mas tem muito a ver com as
carnes, então foi inflação de custo, não de demanda”, afirmou Kislanov.

Fonte: Assessoria Agropecuária

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