Seminário de educação de Roque Gonzales “TERRA E SANGUE DAS MISSÕES”
A Administração Municipal, Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Turismo, conjuntamente com a Associação Cultural Nheçuanos, convida para o Seminário de Educação de Roque Gonzales/RS, “Terra e Sangue das Missões), com o tema: NHEÇU – NOSSA HISTÓRIA, a ser realizada nos dias 14/15 de novembro/2019, no auditório da Escola Santo Antônio de Pádua, no Bairro Santo Antônio.
A abertura do Seminário ocorre no dia 14, às 19:00 horas.
A primeira palestra será proferida às 19h e 30min, pelo outrora médico e deputado Constituinte Rui Nedel, que discorrerá sobre o tema: Estado Guarani/Jesuítico. Rui, possui diversos livros editados, entre eles, Esta Terra Teve Dono; Memoriando a história do Sul; Remansos e Corredeiras; Miscelânia; O Doutor e Cabocla.
Na sequência, 20h 30min, a Professora, Doutora Ezeula Lima de Quadros, proferirá sua palestra sobre “Os Julgamentos do Caso Caaró.” Ezeula Professora Estadual, de Colégios particulares e da Universidade Regional das Missões (URI), entre suas publicações, editou o livro: Modo de Ser Guarani.
Encerrando as palestras da noite de 14 de novembro, às 21h 30min, ocorre a palestra da Professora, Doutora Neli Teresinha Galarce Machado, com o tema: “Indígenas e Jesuítas no Território de Candelária do Caaçapamini, século XVII.”
No dia 15, ás 08h 30min, o Mestre Josnei Machry Weber, discorrerá sobre o tema: “Entre o Ser e a Criação. Reconfiguração Histórica e Desmistificação das Narrativas.”
Às 09h 30min, o Professor, Doutor, indigenista, Antônio Dari Ramos, aborda o tema: Nheçu e o Teko Porã Guarani.”
10h 30min, avaliação e comentários finais do Seminário.
14:00 horas, na praça Independência, haverá apresentações culturais (alunos, escolas, teatro, poesias, paródias, canções e varal) .
18:00 horas, show musical, com participação especial da Família Guedes.
Aos participantes será conferido Certificado, consoante a presença, 4, 8, 12 horas.
A seguir, tertúlia livre.
NHEÇU: CACIQUE Guarani, líder indigenista, do Salto Pirapó (Roque Gonzales) ao Guairá/PR. Nheçu, cacique, xamã e líder espiritual. Respeitado pelos iguais, nos dois lados do Rio Uruguai. Segundo os Padres Jesuítas Meliá e Blanco, ambos paraguaios, representou a defesa do modo de ser dos guarani. Com a chegada dos invasores espanhóis, acompanhados de Padres, em especial, da Companhia de Jesus, houve interferência na vida dos povos locais, desde as crenças, liberdade, culminando com a redução e perda de poder dos caciques. Isso fez com que muitos nativos exigissem dos caciques, uma reação, afirmam Blanco e Meliá: naqueles idos já cobravam: o que vão deixar para os seus filhos! O que dirão seus netos?!. Blanco e Meliá, são detentores de credibilidade na literatura sobre os povos nativos da América, haja vista, os amplos estudos desenvolvidos sobre o tema.
Ocorre que, com a reação e a morte dos Padres Roque Gonzales de Santa Cruz e Afonso Rodrigues, no Caaró, dias após, João de Castilho (Juan Del Castillos), em Assunção do Ijuí (atual município de Roque Gonzales, Nheçu, restou condenado a sentença perpétua pela e alguma literatura.
Com a criação da Associação Cultural Nheçuana, a figura de Nheçu vem sendo motivo de estudos, visando desmitificar a imagem que lhe foi imposta injustamente. Neste ano, a Associação propôs a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Turismo, juntar esforços, considerando que história pertence ao povo, resultando na realização do Seminário sobre o grande e valoroso Cacique.
O município de Roque Gonzales é privilegiado em alguns pontos turísticos, entre eles, o Salto Pirapó no Rio Ijuí-Açu (grande), o Cerro do Inhacurutum, o mais elevado ponto geográfico regional. Próximo ao Cerro, ocorreu o martírio do Padre Juan de Castillo, segundo alguns escritores, foi esse padre, devido a sua intolerância, o responsável direto pela morte dos três sacerdotes. Enquanto isso, em torno de trinta após esse episódio, os padres restantes que haviam retornado para a margem direita do Rio Uruguai (hoje, Argentina), retornaram a margem esquerda, com armamento de fogo, soldados, índios antes recrutados e adestrados, e, ao pé do cerro, se travou uma sangrenta batalha, deixando mais de 1.100 índios mortos, em represália dos três padres mortos. Nheçu e sua gente representaram a primeira resistência ao invasor.
Esse Nheçu, representa o pedestal da história não apenas do município de Roque Gonzales, mas também, do conjunto das Missões, um guerreiro do povo guarani, que anteviu a futura tragédia de sua gente, depois reduzida e vitimada na chamada Guerra Guaranítica. Hoje, decantam as Missões, contudo, seu verdadeiro herói, está sob as cinzas!
Apenas para ilustrar, Roque Gonzales, possui um expoente cultural extraordinário, trata-se de Nelson Hoffmann, com mais de 40 livros publicados. Trabalhos publicados em diversos países europeus e inclusive, obras traduzidas em universidades.
Fonte: Renato Jacob Schorr – Presidente da Associação Cultural Nheçuanos