Rio Grande do Sul concentra maior número de startups da Indústria 4.0 na região Sul
Uma boa notícia para um estado que precisa ver um dos seus principais setores se transformar: o Rio Grande do Sul lidera na Região Sul a concentração de startups que estão desenvolvendo projetos da Industria 4.0. Do total das jovens empresas atuando nesta área, 11,6% estão aqui, ficando à frente do Paraná com 7,1% e da Santa Catarina com 6,3%. São empresas que estão criando soluções inovadoras em segmentos como Internet das Coisas, Energia, Big Data, Inteligência Artificial, Robótica, Logística, Realidade Virtual e Realidade Aumentada, Automação e Impressão 3D.
Os dados fazem parte de um relatório inédito realizado pela KPMG, o “Indústria 4.0 Mining Report”, que mapeou as startups em tecnologia espalhadas pelo País. “O destaque do Rio Grande do Sul se dá, pela qualidade dos talentos formados pelas nossas universidades e que geraram esse polo tecnológico diferenciado, que acaba abastecendo as startups do Estado e pelo mundo também”, analisa o sócio de mercados da Região Sul da KPMG do Brasil, Wladimir Omiechuk. Porto Alegre e cidades da serra gaúcha, como Caxias do Sul, estão sendo fortemente impulsionadas pela Indústria 4.0, justamente por terem muitas empresas importantes deste segmento. “A indústria tradicional vem sofrendo uma grande pressão para a inovação. Elas serão as consumidoras do que as startups estão criando, senão acabarão entrando em um ciclo de existência mais curto”, aponta Omiechuk.
Ao mesmo tempo, relata, as jovens empresas também crescem e evoluem na medida em que conseguem atender as necessidade das operações mais maduras. Este estudo foi feito com a LEAP, uma parceria da KPMG com a Distrito, e mostrou ainda que, quando se trata da presença de startups desenvolvendo soluções de Indústria 4.0, a região Sul está em segundo lugar no ranking das regiões, com um total de 25,1% do total, ficando atrás apenas da Região Sudeste com 72,6%. “O fato de os estados da Região Sul representarem uma grande parcela de startups no Brasil mostra que as empresas locais incorporaram, principalmente, a tecnologia no dia a dia e buscam inovações em seus mercados de atuação”, complementa Omiechuk.
O diretor da Distrito, Gustavo Araujo, comenta que as graves crises econômicas pelas quais o Brasil passou nas últimas décadas levaram a um sucateamento de muitas indústrias. Mas, isso deve mudar, já que a tecnologia hoje está mais acessível, o que tem feito com um número maior de players caminhe na direção da inovação. “Nos próximos 10 anos, veremos uma grande transformação da indústria. Tudo que estava off-line passará a ser on-line, o que vai gerar cada vez mais dados que, por sua vez, poderão ser usados de forma inteligente para levar a ajustes internos e melhorias de performance”, projeta.
Energia e Internet das Coisas reúnem oportunidades
Uma das áreas com maior surgimento de startups é o de energia – o que é fácil de entender, já que o consumo de energia é um dos principais custos neste setor – e o de Internet das Coisas (IoT). A pesquisa “Indústria 4.0 Mining Report” buscou ainda identificar outros aspectos das startups. Sobre o perfil dos sócios das empresas selecionadas, a maioria é homem (87%). No que se diz respeito ao ano de abertura, 77,5% das startups no Brasil foram abertas entre o período de 2010 a 2018, nos anos 2000 (18,3%) e antes dos anos 2000 (4,1%). Empresas com mais de 10 anos tem em média 47 funcionários.
Na primeira etapa de formulação foi feita uma pesquisa na base da Distrito Ventures – com mais de mil startups cadastradas -, aceleradoras, portais de notícias e dados abertos. Após construir uma listagem de mais de 400 startups, houve um processo de seleção embasado na conceituação teórica juntamente com os serviços e tecnologias oferecidas pelas startups, que deveriam ser coerentes com a indústria. Os critérios para seleção das startups foram atuação no ramo da indústria 4.0, ter listagem de clientes e parceiros, estar em estágio operacional, ter clientes ativos, desenvolver tecnologia proprietária e ter nacionalidade brasileira.
Fonte: Jornal do Comércio
Foto: PAU BARRENA/AFP/JC