Produtores temem maior intervenção do governo argentino no mercado

Durante mandato de Cristina Kirchner, vice de Alberto Fernández, eleito presidente neste domingo, impostos tiraram a competitividade das exportações do país

A chapa formada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner venceu as eleições presidenciais da Argentina, em primeiro turno, neste domingo, 27. O vitória peronista, no entanto, é motivo de preocupação para os produtores do país, segundo o banco europeu Commerzbank.

“Muitos agricultores estão temerosos com o fato de o novo governo poder intervir, novamente, em uma extensão muito maior na produção e comércio exterior de produtos agrícolas e declararam que estarão retendo investimentos”, observa a analista de commodities agrícolas do banco alemão, Michaela Kühl, em nota enviada a clientes.

A instituição financeira lembra que durante o mandato de Cristina Kirchner, presidente de 2007 a 2015, o governo cobrou altas taxas sobre as exportações agrícolas, tornando o plantio dos produtos menos lucrativo. “Os impostos foram reduzidos consideravelmente sob a gestão de Maurício Macri, embora por um período intermediário eles tenham sido elevados novamente em virtude de problemas orçamentários”, afirma Michaela.

A Argentina é o maior exportador de farelo e óleo de soja, além de um dos maiores exportadores de milho e trigo. Para o trigo, uma possível restrição de oferta dos triticultores argentinos poderia sustentar os preços no mercado global, de acordo com projeção do Commerzbank.

“No entanto, atualmente não é apenas a política que pesa sobre o sentimento do mercado: a seca que afeta as regiões produtoras do país resultou em revisões perceptíveis nas previsões de safra para o cereal produzido do país nas últimas semanas”, pondera Michaela.

A Bolsa de Grãos de Buenos Aires reduziu sua perspectiva de colheita de trigo 2019/2020 no país para menos de 20 milhões de toneladas, volume praticamente estável em relação à temporada anterior.

Fonte: Estadão Conteúdo

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