Indústria aposta em recuperar vendas represadas

As expectativas do setor de máquinas e implementos agrícolas para a Expointer 2019 são as melhores possíveis dentro das atuais condições da economia brasileira e dos subsídios reduzidos ao setor no atual Plano Safra. O presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, por exemplo, estima que o ano se encerrará com alta de 7% nas vendas.

O mesmo caminho segue o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas (Simers), Claudio Bier. O executivo diz que, após a queda nas vendas do setor no mês de julho, a Expointer deve marcar a retomada das compras. Isso porque, com a verba do Moderfrota encerrando precocemente no ciclo 2018/2019, parte dos negócios teria ficado represada e voltaria a ganhar volume neste semestre.

Além disso, avalia Bier, apesar de o novo Moderfrota e o Plano Safra estarem com juros maiores, há uma infinidade de recursos de bancos privados sendo ofertada com melhores condições durante a Expointer. Historicamente, explica o presidente do Simers, o juro agrícola oficial costumava equivaler à metade da Selic. “Agora, quase se inverteu essa proporção. Mas pode-se dizer que o agronegócio, hoje, é a joia da coroa para muitos bancos privados que, antes, não davam atenção ao setor”, ressalta Bier.

O executivo também destaca que as empresas estão preparando grandes lançamentos, e, para estimular a venda, há um casamento estratégico com a atual aposta dos bancos privados em liberar mais crédito ao setor rural. “Há possibilidade até de que os bancos privados venham a trabalhar com taxas mais baixas do que as do governo”, espera Bier.

Para Eduardo Kerbauy Luís, diretor de Mercado Brasil da New Holland Agriculture, o setor agrícola já esperava uma pequena elevação na taxa de juros em algumas linhas. Com previsibilidade, diz, o setor se adapta. “Os agricultores mais capitalizados estão se adequando ao ambiente de menor oferta de juros controlados e devem recorrer aos financiamentos a taxas livres, principalmente com a queda na Selic”, opina Luís.

Diogo Melnick, gerente de marketing comercial da Case IH, concorda com Luís sobre o fato de que o movimento de alta no juro já vinha sendo sinalizado pelo governo e esperado pelos empresários do agronegócio. Com isso, mesmo com juros maiores, Melnick ressalta que existe demanda e um mercado mais maduro para buscar novas linhas e meios para aquisição de máquinas.

“Mas um fator positivo é que as mudanças nas taxas impactam principalmente os produtores de maior porte, preservando e priorizando o incentivo à agricultura familiar, que representa uma importante parcela na cadeia do agronegócio”, destaca Melnick.

Em um cenário de juros maiores no Plano Safra, a LS Tractor vem reforçando vendas por consórcio, sistema de financiamento que registrou o maior crescimento em 60 anos de história no Brasil, segundo Astor 
Kilpp, gerente de marketing e produto da fabricante sul-coreana. Também pelo barter (quando a compra é vinculada a uma determinada quantidade da produção que será entregue), o crédito direto com cooperativas e as Letras de Crédito do Agronegócio são um bom negócio para o produtor.

Para o diretor-geral de operações da indiana Mahindra do Brasil, Jak Torreta Jr., o governo deveria estimular o mercado flexibilizando mais o índice de nacionalização dos equipamentos, que podem ser beneficiados com juros menores. “Pode perguntar para qualquer fabricante: quanto maior o conteúdo brasileiro, maior o custo da máquina para o agricultor”, afirma o executivo.

A medida é classificada por Torreta Jr. como “um pênalti” contra a competitividade e os custos de produção da agricultura. Mesmo contando com alternativas para financiamento de tratores importados, de menor custo, a multinacional não consegue taxas equiparadas aos juros subsidiados pelo governo, ressalta o executivo. “Essa é uma questão importante de ser debatida”, resume Torreta Jr.

Fonte: Jornal do Comércio

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