Governador lança programa Energia Forte no Campo na Expointer
O Rio Grande do Sul tem mais de 506 mil propriedades rurais eletrificadas – próximo de 100% do total. Porém, somente pouco mais de um terço são redes trifásicas, causando um gargalo no desenvolvimento destas propriedades e na economia do Estado.
Com o intuito de qualificar as redes de distribuição de energia elétrica na zona rural gaúcha, o governo aproveitou a vitrine da maior feira do agronegócio do Estado para lançar, nesta quarta-feira (28), o programa Energia Forte do Campo, em cerimônia na casa do Sistema Ocergs-Sescoop/RS na Expointer 2019.
Por meio de financiamento do Brde, o projeto prevê investimentos em obras de melhorias e transformação para rede trifásica. O público-alvo são os produtores organizados em cooperativas ou associações.
“O povo gaúcho é empreendedor, trabalhador e talentoso, mas se não houver energia forte, não terá capacidade de transformar o talento e o trabalho em produtividade. A cadeia leiteira, por exemplo, é afetada exponencialmente: quanto mais ordenhadeiras e resfriadores, maior será sua capacidade de produção, além da redução de custos. E para ter o maquinário, é fundamental a rede trifásica. Por isso, buscamos formatar um programa capaz de atender essa demanda, que vai impactar em toda a economia do Estado”, afirmou o governador Eduardo Leite.
Conforme explicou o secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos, o Energia Forte no Campo está sendo lançado neste ano para dar início à formação de parcerias com cooperativas, concessionárias e municípios – e, quem sabe, também do governo federal – para começar a ser implementado no ano que vem, seguindo até 2022.
Já na primeira fase, em 2020, o programa deve beneficiar 1,2 mil propriedades rurais do Estado, com a construção de 365 quilômetros de redes trifásicas. Para isso, o programa prevê uma linha de crédito de R$ 20 milhões do Brde, com carência de dois anos e oito anos para pagamento. O custo do investimento será dividido entre produtores, cooperativas, concessionárias, permissionários, prefeituras e governo do Estado.
“Já garantimos R$ 4 milhões no orçamento do Estado para 2020. Mas queremos ampliar esse montante no ano seguinte para, no mínimo, R$ 10 milhões”, anunciou o governador, aplaudido pela plateia.
O custo médio é de R$ 55 mil por quilômetro de rede de distribuição de energia elétrica trifásica na área rural e a densidade é de 3,08 consumidores por quilômetro.
“Estudos demonstram que o aumento da capacidade energética efetivamente aumenta a produtividade, o que impacta também na arrecadação de Icms. Ou seja, todos saem ganhando”, destacou Lemos.
O Energia Forte no Campo prevê a qualificação das redes de distribuição de energia elétrica no meio rural, incluindo investimentos em obras de complementação de fases, reforço da bitola dos condutores e melhorias como substituição de postes de madeira por postes de concreto, reformas da rede elétrica, instalação de transformadores, modernização nos sistemas de proteção e segurança da rede, adequação dos níveis de tensão, qualificando o atendimento ao consumidor rural.
“Hoje é um dia muito feliz para todos nós e o Estado todo deve comemorar pois, se o cooperativismo vai bem, o RS pode ir também, e de forma muito mais rápida. Afinal, o cooperativismo não divide, sempre soma”, afirmou Vergilio Perius, presidente do Sistema Ocergs/Sescoop-RS.
Entenda
A distribuição da energia elétrica é feita de acordo com a necessidade de cada estabelecimento residencial, comercial ou industrial. Antes de ser utilizada, a energia elétrica fornecida pelas concessionárias passa por transformadores instalados em postes. Esses equipamentos podem ser mono, bi ou trifásicos.
Monofásica: a rede monofásica é feita com dois fios, um fase e outro neutro. A tensão máxima é de 127V e a potência chega a 8.000 watts. É distribuída através de tomadas de uso doméstico comuns e utilizada para a alimentação de equipamentos do cotidiano, como notebooks, iluminação e televisões.
Bifásica: a ligação da rede bifásica é feita com três fios, dois fases e um neutro. As tensões máximas são de 127V e 220V, e a potência vai de 12.000 watts até 25.000 watts. Ela não é utilizada em zonas urbanas porque geralmente os moradores das cidades têm um maior número de equipamentos elétricos.
Trifásica: a instalação da rede trifásica é feita com quatro fios, três fases e um neutro. As tensões são de 127V ou 220V, e a potência vai de 25.000 watts até 75.000 watts. É a forma mais eficiente de distribuir energia para longas distâncias, e permite a operação mais eficiente de grandes equipamentos industriais.
Fonte: Expointer 2019
Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini