Dados passarão a direcionar estratégias nas lavouras
Que a tecnologia invadiu o agronegócio já há algum tempo, levando a um aumento de produtividade nos processos, está cada vez mais claro. Soluções como as baseadas em Internet das Coisas (IoT), cada vez mais, turbinam as colheitadeiras, os tratores e os pulverizadores, coletando dados e dando uma nova dinâmica para o campo. Associadas a Big Data e Analytics, essas novidades têm o potencial de ajudar a definir estratégia de plantio, identificar pragas, analisar o desempenho dos equipamentos e fazer a manutenção preditiva, corrigindo eventuais falhas antes mesmo que elas aconteçam.
Mas será que os produtores estão conseguindo extrair todo potencial das tecnologias que usam para, de fato, aumentar a rentabilidade dos seus negócios? A resposta é não – pelo menos, não a maioria deles. Por isso, as empresas de máquinas agrícolas começam a apostar na venda de serviços adicionais capazes de fazer a gestão dos dados coletados, como por meio dos sensores de IoT, para entregar inteligência de negócios aos produtores. “Transformar as informações coletadas em conhecimento ainda é o grande gargalo. O produtor dificilmente vai conseguir fazer a gestão dos dados por conta própria”, conta o coordenador de Marketing da AGCO, Diego Lopes. A empresa lançou, em 2019, uma iniciativa para, junto com parceiros, oferecer a análise das informações agronômicas e do maquinário. É um serviço adicional à compra da máquina, que será prestado pela rede concessionária.
A lógica é que diversos recursos embarcados nos equipamentos podem ser mais bem trabalhados para aumentar a eficácia, como o piloto automático. Uma coisa é o produtor simplesmente ligar a máquina e começar a rodar com esse recurso. Outra é ele, de fato, fazer um planejamento, carregar o seu projeto no dispositivo para entender o objetivo e dar o melhor direcionamento possível. Ao fazer isso, reduz-se o payback do equipamento, na medida em que a máquina vai indicar com maior precisão onde plantar e colher. “Um produtor que tem máquinas agrícolas rodando com 70% de performance cada pode usar dados coletados para tomar decisões que faça com que cada uma delas aumente em 10% a produtividade”, comenta Lopes.
A John Deere também está atenta para que usuários possam fazer o uso mais inteligente de seus equipamentos. A empresa criou um sistema colaborativo, um centro de operações, em que vários produtores poderão se conectar para extrair dados de forma fácil e ágil usando a rede de concessionária da marca. O time atua como facilitador do uso dos dados gerados e até mesmo apoiando as interações da máquina com ser humano. “Fizemos uma preparação forte dos nossos concessionários espalhados pelo Brasil para poder ajudar os produtores a extraírem o máximo das máquinas e das soluções tecnológicas que oferecemos”, ressalta o gerente de Vendas da John Deere, Eduardo Martini.
Empresas apresentam novidades na Expointer
Cada vez mais, a tecnologia é a resposta para evitar que uma boa safra continue tão dependente de fatores como intensidade das chuvas ou da temperatura, bem como das condições econômicas. Ajustar o processo passou a ser determinante para a rentabilidade da atividade rural, e isso envolve, necessariamente, a coleta e a análise apurada dos dados, que sinalizam, assim, a melhor decisão a ser tomada.
A John Deere vai aproveitar a Expointer para apresentar algumas das suas novidades para os produtores. No caso da John Deere, uma das atrações na feira será a S700, uma colheitadeira totalmente automatizada. O produto tem duas câmeras que fazem a leitura dos grãos e realizam as regulagens necessárias a cada três segundos. “Imagina que complicado é um operador fazer isso manualmente”, observa Martini. A fabricante também está trabalhando com pulverizadores que garantam a qualidade da gota despejada – isso é possível porque o equipamento faz a compensação da velocidade e das curvas necessárias. “Conseguimos uma redução dos custos nas operações de 5% a 10% com essa tecnologia”, conta.
A AGCO também tem apostado forte nesse nicho. O Farm Solutions é o seu programa para auxiliar os produtores rurais no processo de transição para a agricultura digital, o que requer a coleta de informações sobre todos os processos no campo em tempo real. Uma das ferramentas disponíveis é o AgroCAD, que trabalha com um recurso de Inteligência Artificial. “Por meio de sensores, é feita a leitura das condições climáticas, e o sistema avisa antecipadamente o agricultor sobre o melhor momento para fazer uma aplicação de fertilizantes ou defensivos”, relata Diego Lopes.
Recentemente, a companhia anunciou a adição da Solinftec ao Farm Solutions. As soluções estarão disponíveis para os clientes por meio dos concessionários locais Massey Ferguson e Valtra. O objetivo é melhorar o desempenho e a precisão das culturas especificadas, por meio da análise de dados para planejamento de tráfego controlado, soluções sustentáveis de gerenciamento de solo e de operações conectadas em uma única plataforma, usando os dados coletados para melhorar a eficiência da operação.
“Nosso foco é trabalhar com o desenvolvimento de tecnologias para todo o ciclo de produção, enxergando a agricultura com uma visão de 360 graus, desde o plantio, passando por colheita e armazenagem, até fechar com a safra”, destaca Lopes.
Fonte: Patricia Knebel/Jornal do Comércio
Foto: John Deere/ Divulgação/ Jornal do Comércio