Avanços do cruzamento e seleção Angus são debatidos no interior paulista
As estratégias para potencializar o uso do cruzamento industrial na pecuária paulista e tirar do casamento entre a raça Angus e os zebuínos a maior rentabilidade foram abordadas durante palestras do Circuito Touro Angus Registrado, realizado nesta quinta-feira (13), em Itatinga, interior de São Paulo. O encontro, na Seleon Biotecnologia, reuniu pesquisadores, lideranças e curiosos em saber mais sobre as vantagens do uso da raça. Segundo o gerente de fomento da Associação Brasileira de Angus, Mateus Pivato, é essencial o criador ter em mente que não existe um touro que funcione em todos os sistemas de produção e propriedades. “Nem sempre otimizar recursos é produzir mais. Às vezes é preciso achar o ponto de equilíbrio”, disse.
Pivato mostrou os ganhos que vêm com o uso de touros Angus registrados, como padronização de produção, garantia de melhoramento constante do rebanho e valorização dos bezerros. É importante, explica ele, olhar para seu negócio e estudar com cautela os objetivos e, então, escolher o reprodutor com base em dados técnicos. Essas informações estão disponíveis graças ao trabalho realizado pelo Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo), desenvolvido pela Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares. Participando do evento, o presidente da ANC, Ignacio Tellechea, salientou a importância do trabalho realizado no centro da Seleon, que reúne touros de excelência oriundos de diferentes criatórios brasileiros em testes como o que mede a eficiência alimentar dos reprodutores.
A estrutura do trabalho e auditoria de registros no Brasil foram detalhadas durante palestra da superintendente da ANC, Sílvia Freitas. Mencionando os avanços do cruzamento industrial, ela lembrou que a parceria entre a ANC e a Angus possibilitou o início, no mês de maio, do projeto de mensuração dos escores de animais meio-sangue. O trabalho, explica a zootecnista, permite a tabulação de dados de rebanhos meio-sangue com o intuito de criar índices para seus pais: os reprodutores puros. “Esse estudo, que está sendo desenvolvido em caráter experimental, nos permite avaliar a capacidade do touro Angus de produzir descendentes meio-sangue de qualidade superior”, pontuou. Silvia garantiu que aprender a lidar com esses dados só traz ganhos à produção. “Seleção com o registro já é eficiente, mas selecionar por características fenotípicas e genotípicas é muito melhor”, aconselhou, lembrando que há grande quantidade de dados disponível no Sumário de Touros do Promebo.
Outra questão importante para o sucesso do cruzamento é atenção à seleção de fêmeas. Pivato recomendou que os criadores observem o peso e tamanho das vacas, sua eficiência produtiva, fertilidade e a relação entre o peso de desmama dos bezerros e o peso final da mãe. “A vaca ideal é a máquina de trabalho do rebanho.”
O plano de melhoramento genético desenvolvido pela Angus está alicerçado em elevar a rentabilidade e produtividade da pecuária com foco não apenas nas atividades dentro da porteira, mas nos ganhos com a carne. Segundo o coordenador regional do Programa Carne Angus, Maychel Borges, é essencial que a seleção dos rebanhos esteja alinhada com os objetivos do mercado na busca por uma carne de maior qualidade, com características de maciez, sabor e suculência. “Temos que ter em mente que é o consumidor que dita as regras. Se ele pede carne Angus, isso faz a máquina girar.”
Segundo Borges, é essencial que o processo de seleção leve em conta a precocidade de deposição de gordura e acabamento. “Temos sempre que correr contra o tempo para acabar as carcaças devidamente e ainda abater o animal jovem. O importante é botar a genética a produzir para você”, aconselhou. Atuando em 12 estados brasileiros e certificando 430 mil cabeças ao ano, o Programa Carne Angus é o único em atividade no Brasil que passa por auditoria externa.
Anfitrião do encontro, o empresário e diretor da Seleon, Bruno Grubisich, conduziu os visitantes para conferir a campo os resultados obtidos na última prova de Eficiência Alimentar, realizada pela Verdana, empresa do grupo. E reforçou que a parceria com a Angus nesse trabalho é essencial para o desenvolvimento da pecuária nacional. Sobre os avanços da Seleon, o diretor executivo Breno Barros falou sobre o novo aplicativo que busca facilitar a venda de sêmen dos reprodutores que estão em trabalho na empresa. Ainda citou como novidade o sistema Dry Shipper, que garante envio de genética pelos Correios com segurança em embalagem especial. “Estamos de porta abertas para quem quiser trazer animais.”
Fonte: Associação Brasileira de Angus (ABA)
Foto: Carolina Jardine / ABA