Áustria é o primeiro país da UE a proibir o glifosato, principal agrotóxico utilizado na produção de soja

O Parlamento da Áustriaaprovou nesta terça-feira (3) uma proibição total do agrotóxico glifosato, transformando o país no primeiro da União Europeia (UE) a frear por completo o pesticida em nome do “princípio de precaução”.

Uma maioria de deputados votou a favor da emenda proposta pelo partido socialdemocrata SPO, em função da qual “a introdução no mercado” de produtos com glifosato está “proibida em nome do princípio de precaução”.

A proibição, que seus opositores consideram contrária à regulamentação europeia, recebeu apoio do partido de extrema direita FPÖ.

O glifosato é comercializado sob várias marcas, mas a mais conhecida é a Roundup, da Monsanto, que desde o ano passado faz parte do grupo químico alemão Bayer.

O pesticida mais usado no mundo é classificado como “provável cancerígeno” desde 2015 pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, por ora segue suas agências científicas, que não classificou a substância como cancerígena.

Linha do tempo do glifosato

Dez fatos importantes na história do agrotóxico mais usado no Brasil:

  1. 1950 – Descoberta da molécula do glifosato pelo químico suíço Henri Martin, da farmacêutica Cilag.
  2. 1970 – O químico John E. Franz, da Monsanto, desenvolve herbicidas à base de glifosato. O produto já era usado pela Stauffer Chemical para limpar metais.
  3. 1974 – Monsanto passa a produzir herbicidas de glifosato em escala industrial, inicialmente para produção de borracha na Malásia e trigo no Reino Unido.
  4. 1995 – Chegam ao Brasil as sementes transgênicas de soja, milho e algodão Roundup Ready, da Monsanto, resistentes ao glifosato. As vendas saltam a partir de 2005, com a liberação da soja transgênica, e transformam o produto no herbicida mais usado nas lavouras.
  5. 2000 – Patente da Monsanto expira e o glifosato vira princípio ativo de mais de 2 mil produtos de diversas outras empresas. Hoje, no Brasil, mais de 100 agrotóxicos contêm glifosato.
  6. 2015 – Estudo da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), associa o glifosato ao câncer, descrevendo-o como um “provável causador” da doença.
  7. 2016 – Um painel com representantes da OMS e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) dão parecer positivo ao glifosato quando a exposição se dá de forma limitada e por meio do consumo de alimentos.
  8. 2018 – A Bayer conclui a compra da Monsanto por US$ 63 bilhões (R$ 248 bilhões), a maior já feita pela empresa alemã no exterior, criando a maior companhia de pesticidas e sementes do mundo.
  9. 2018 – Bayer é condenada a pagar US$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) ao ex-jardineiro Dewayne Johnson, que teve câncer por exposição prolongada ao glifosato. Em março de 2019, foi condenada a pagar US$ 80 milhões (R$ 315 milhões) a Edwin Hardeman, por não alertar sobre os riscos do produto.
  10. 2019 – Anvisa faz reavaliação do glifosato, iniciada em 2008, e permite seu uso no Brasil. Afirma que a substância “não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas”. A agência avaliou 16 pareceres próprios e 3 externos. Até 6 de junho estão abertas as consultas públicas sobre o glifosato no país.

Fonte: G1

Foto: Pixabay

Mostrar mais
Botão Voltar ao topo