Fetag atuará na assistência técnica aos agricultores

Insatisfeita com a forma como a assistência técnica rural vem sendo prestada em alguns casos no Estado – ou mesmo nem sendo prestada -, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) decidiu atuar na prestação do serviço. O objetivo, segundo a entidade, não é concorrer com os órgãos públicos que já trabalham na área – notadamente, a Emater -, mas chegar a um público que, hoje, ainda é pouco atendido, como os pequenos produtores.

A decisão foi tomada pela Fetag após a divulgação dos resultados preliminares do Censo Agropecuário 2017, que mostrou que 50,1% dos estabelecimentos rurais do Estado informaram não receber qualquer assistência técnica. “Precisamos dar uma chacoalhada, fazer uma virada de mesa”, comentou o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, durante coletiva de imprensa de fim de ano da entidade.

O primeiro balanço do Censo mostra, ainda, que a presença de técnicos é ainda menor entre estabelecimentos com, no máximo, 10 hectares (34,8%) e entre os produtores sem área, de produtos extrativos, como apiários, carvão vegetal e pinhão (apenas 28,5%). “Quem mais precisa é quem menos recebe”, afirma Joel. Outro ponto crítico na visão da Fetag é o fato de que a maior parte da assistência é prestada por cooperativas, empresas integradoras e outras formas não governamentais, o que, segundo Joel, em alguns casos, se aproxima mais de venda de insumos do que de assistência técnica.

A atuação da Fetag na área, segundo o presidente, acontecerá por meio dos 321 sindicatos municipais, cabendo à federação a organização e o apoio. O objetivo é que os agrônomos e técnicos auxiliem na gestão da propriedade como um todo, de maneira sistêmica. “Vamos iniciar a relação entre produção e comercialização”, diz Joel. A entidade também defende um choque de gestão na Emater, que, para Joel, representa tirar pessoal dos gabinetes e realocar no trabalho de campo. “Como braço do governo, presta uma assistência técnica de governo, e não de Estado. Cada vez se alinha mais para um público”, critica o presidente da Fetag, que resguarda das críticas os técnicos da Emater, que classifica como “muito bons”.

Na coletiva, a Fetag também demonstrou preocupação com a incerteza quanto às gestões do Estado e do País. No Rio Grande do Sul, a entidade lamenta a falta de clareza quanto à continuidade ou não da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR). Segundo Joel, o governador eleito, Eduardo Leite, afirmou que não pensava em acabar com a estrutura, mas não houve novos movimentos desde então. Além disso, a federação defende a indicação de um secretário que conheça o setor e seja aberto ao diálogo com as entidades.

“As necessidades são diferentes, e o olhar precisa ser diferente também”, afirmou o presidente da Fetag sobre a independência da pasta em relação à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi). Programas como o troca-troca de sementes, agroindústrias e agroecologia acabariam perdidos na estrutura da pasta maior, projeta Joel, rejeitando a alternativa de que a SDR vire um departamento.

Já na esfera federal, Joel argumentou não conhecer a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, mas disse ter recebido boas referências da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Mato Grosso do Sul (Fetagri), estado no qual a deputada foi secretária da mesma pasta. “Nos disseram que fez bom trabalho, inclusive para a agricultura familiar. Sabemos que ela não é agricultora familiar, mas esperamos que saiba se cercar de quem é”, continuou Joel.

Fonte:  Jornal do Comércio

 

As novas regras para a produção de leite publicadas pelo Ministério da Agricultura (Mapa) no fim de novembro, e que só entram em vigor em seis meses, já são motivo de na cadeia, especialmente entre os pequenos produtores. No Rio Grande do Sul, a principal inquietação com relação às instruções normativas 76 e 77, que tratam de qualidade e critérios de produção do leite, diz respeito ao nível de resfriamento exigido para a bebida: o leite cru agora deve chegar à plataforma a 7°C, e não mais a 10°C.

“A indústria não vai querer buscar o leite de produtores que ficam mais longe das fábricas. O nosso medo é que vai haver uma exclusão (de produtores) ainda maior do que já acontece”, afirma o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Joel da Silva.

A entidade, que divulgou o balanço do ano nesta quarta-feira, dia 5, comemora a contratação em 2018 de 100 técnicos agrícolas, por meio dos sindicatos, para atuar a campo. “Os técnicos foram contratados para olhar as pequenas propriedades rurais como um todo. É uma tentativa também de colaborar com o trabalho da Emater (principal órgão de assistência rural do Rio Grande do Sul), que precisa de investimentos e pessoal a campo”, diz Silva.

Em 2019, a Fetag quer manter o trabalho de assistência técnica aos associados, mas sem descuidar da reforma da Previdência. “Queremos garantir o acesso do agricultor à reforma, manter como está para os rurais”, afirma o presidente da entidade.

A liderança da Fetag também se mostra preocupado com a mudança no governo gaúcho, principalmente com a indefinição dos nomes que irão assumir as secretarias de Agricultura (Seapi) e de Desenvolvimento Rural (SDR). “Com a mudança do governo, será mantida a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo? Para a diretoria da Fetag, Eduardo Leite (o governador eleito) afirmou que ela seria mantida. Mesmo assim, quem será o secretário, qual o seu perfil?”, questiona Joel da Silva.

No âmbito federal, a apreensão do presidente da Fetag-RS é saber se a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) irá mesmo para o Mapa. “No Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi colocado uma pessoa que não tem nada a ver com a pasta. Nos resta torcer que para a Sead seja indicado alguém que conheça a agricultura familiar”, diz.

Fonte: Canal Rural

Foto: MARCELO G. RIBEIRO/JC

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