Estresse hídrico atinge lavouras de verão no Estado, diz Emater/RS
O plantio do milho atinge 95% da área prevista para esta safra, que é de 738.074 hectares, e seu desenvolvimento é afetado pela alta necessidade de aporte hídrico. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (20), no Norte do Rio Grande do Sul, com a diminuição das precipitações e altas temperaturas, a cultura do milho demonstra sintomas de estresse hídrico.
As lavouras mais afetadas já apresentam danos, apontando para alguma perda de produtividade na cultura. No Médio Alto Uruguai, em virtude da deficiência hídrica do momento, alguns produtores estão solicitando pedidos de vistoria de seguro agrícola em lavouras nas quais o plantio se realizou em meados de setembro.
Em relação às fases, a cultura do milho apresenta diferentes condições, tendo áreas em início de floração (20%), algumas em enchimento de grãos (36%) e as primeiras áreas em início de maturação (6%), com colheita prevista para o final de dezembro.
Na soja, a cultura atingiu 98% da área a ser implantada no Estado para esta safra. No Norte do Estado, a cultura está implantada; no Sul e na Campanha, ainda há áreas onde finalizar a implantação da cultura, o mesmo valendo para áreas pós-colheita e replantios. Apesar de estar no início do ciclo, a cultura sofre com a baixa precipitação pluviométrica dos últimos dias, principalmente as áreas em floração, que totalizam 3%.
De maneira geral, a soja apresenta stand de plantas irregular, principalmente nas áreas semeadas no final de outubro e início de dezembro. Nas lavouras replantadas devido à morte de plantas, o volume de chuvas não foi suficiente para germinação da totalidade das sementes. Há aumento da incidência de lagartas na cultura, exigindo acompanhamento da lavoura e monitoramento rigoroso das pragas.
É bom o desenvolvimento do feijão 1ª safra em todo o Estado, que já atinge 17% da área plantada colhida. Nos Campos de Cima da Serra, a semeadura da safra considerada intermediária deverá se intensificar nos próximos dias e ser concluída na primeira semana de janeiro. As lavouras variam entre as fases de desenvolvimento vegetativo (31%) até de maturação (14%) e colheita, com boa produtividade.
No arroz, a cultura apresenta bom desenvolvimento no Estado, com pequena diminuição da área plantada na Campanha e Fronteira Oeste, devido ao custo de produção alto e baixo preço. Nas regiões Fronteira Noroeste e Missões, os produtores iniciam o controle de água nas lavouras para garantir a irrigação no próximo mês, caso as condições de chuva se agravem. Na região Vale do Rio Pardo, os produtores controlam plantas invasoras e fazem adubação nitrogenada em cobertura e manejo da água para acelerar a germinação de lavouras recentemente implantadas. 1% das lavouras de arroz está em floração.
HORTIGRANJEIROS
Na região Norte a cultura do morango, geralmente produzida em ambientes protegidos e irrigados, beneficiou-se das altas temperaturas. Os produtores estão realizando a colheita, poda, limpeza e tratos fitossanitários nas plantas. A produtividade é considerada boa, e a qualidade está excelente. Os preços na região variam entre R$ 12,00 e R$ 20,00/kg.
Na zona Sul, na região da Colônia de Pelotas, segue a necessidade de irrigação nas frutíferas, especialmente pêssego e citros. A cultura da batata-doce apresenta-se com bom desenvolvimento, apesar de começar a sentir os efeitos da falta de chuvas, sem afetar as produtividades de forma significativa. A uva encontra-se em fase de frutificação, apresentando ótimo pegamento de frutos.
Nas regiões da Produção e Nordeste, estão em comercialização a laranja para a indústria e a variedade Valência. As variedades de laranjas de umbigo e bergamota já se encerraram a colheita. Em relação à viticultura, os produtores regionais têm expectativa de aumento de preços em virtude da possível redução de produção de uva na região da Serra.
Nas regiões da Fronteira Noroeste e Missões, a maioria das lavouras da cultura da batata, com as variedades Baronesa e Rosa Maçã, está na fase de maturação e colheita. A maior parte da produção destina-se ao consumo da própria família, com venda do excedente em feiras do produtor.
Nas regiões da Campanha e Fronteira Oeste, as oliveiras encontram-se em frutificação. Os produtores estão realizando os tratamentos fitossanitários para controle de doenças e a adubação potássica em cobertura e foliar.
Nas regiões Metropolitana, Delta do Jacuí, Centro-Sul, Vale dos Sinos, Litoral Norte e Paranhana/Encosta da Serra, o calor e a sensação de abafamento ocorridos recentemente indicam a possibilidade de perda da qualidade de frutas e hortaliças em safra. O preço das alfaces encontra-se em elevação, em virtude do aumento das temperaturas, que atrapalha o desenvolvimento destas folhosas. As lavouras do pimentão em cultivo a campo estão sendo prejudicadas fortemente pelo clima; contudo, o preço de comercialização, em torno de R$ 1,50/kg, compensa os riscos do cultivo nesta época. Em relação às brássicas, devido aos preços baixos, alguns produtores de brócolis optaram por não cultivar novas áreas com essa hortaliça. Além do risco de baixa precificação, há possibilidade de ondas de calor excessivo desta época em diante, o que pode prejudicar a formação de brócolis.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
Na região de pecuária de corte no Sul do Estado e na Serra do Sudeste, o quadro melhorou nas localidades onde choveu, pois segue o efeito da insolação e dos ventos, tanto nas pastagens nativas, quanto nas recém-implantadas. Há menor desenvolvimento das pastagens de verão, comprometendo disponibilidade de alimento para os animais. Já nas áreas de várzea, as condições ainda são boas.
Com o aumento das temperaturas e de algumas precipitações nas regiões de Santa Maria, Caxias do Sul, Soledade e Santa Rosa, as pastagens perenes e o campo nativo apresentam bom desenvolvimento e boa disponibilidade de pastagem para o rebanho, o que mantém o a condição corporal dos animais. A maioria dos animais já está sendo manejada em campo nativo devido ao plantio de soja nas demais áreas.
Na bovinocultura de leite, devido às elevadas temperaturas, muitos produtores adotam a estratégia de pastoreio noturno e antecipam o pastoreio para as primeiras horas do dia, com temperaturas mais amenas, adiantando a ordenha da manhã e fornecendo o alimento no cocho somente após o pastejo, para assim, manter o consumo de matéria seca no período e evitar quedas na produção. Essa estratégia de fornecimento de alimentos à tarde ou ao meio-dia no cocho do estábulo vem se propagando, e a tendência é de que venha a ser cada vez mais adotada nas próximas semanas, visando fomentar o consumo de forragem nas horas mais quentes do dia. Sistemas confinados, bem projetados, com adequados sistemas de ventilação proporcionam um melhor bem-estar animal nestes períodos de altas temperaturas.
Pesca Artesanal
Período de safra na Lagoa dos Patos, pois a água começa a salinizar atingindo a Ilha da Feitoria, o que traz uma expectativa de uma boa safra de camarão. Essa salinização está favorecendo o ingresso de larvas do crustáceo. Na bacia da Lagoa Mirim, o período de defeso iniciou em novembro e segue até fevereiro do próximo ano e impede a pesca artesanal para reprodução das espécies. No município de Tavares, há registros de capturas com bom volume de traíras na Lagoa dos Patos. Os pescadores reclamam do baixo preço recebido em relação ao pago pelo consumidor.
Fonte: Emater/RS