CNA quer foco em mercados que importem alimentos
CNA vê maior interesse em países asiáticos para as exportações brasileiras
A superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ligia Dutra, citou nesta quarta-feira, 5, a abertura comercial como principal foco do setor para 2019 e cobrou que possíveis acordos firmados pelo Brasil priorizem mercados de forte interesse para o país. E citou países asiáticos, como China e Coreia do Sul, com consumo crescente de alimentos e produtos do agronegócio.
“O Brasil tem acordos com economias que consomem menos alimentos e muitos deles são concorrentes. Precisamos de acordos com mercados que realmente importam alimentos”, disse a executiva em evento da CNA, na sede da entidade, em Brasília (DF). Ligia disse ainda que o Brasil tem alta dependência de clientes externos e que 64,4% das exportações do setor estão concentradas em cinco mercados. “Precisamos de mais parceiros e destinos; não é bom depender de apenas um comprador”, afirmou.
Outros entraves, de acordo com a superintendente da CNA, são as dificuldades do Brasil para negociar no mercado internacional, com o pagamento de tarifas elevadas e as dificuldades de se obter certificações sanitárias e fitossanitárias. Por isso, segundo ela, as propostas para 2019 são diversificar a pauta exportadora, incluir pequenos e médios produtores no processo de exportação, a celeridade nas negociações de acordos fitossanitários e fortalecimento nas relações com países asiáticos.
Tabela do frete
A CNA também pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), como medida cautelar, a suspensão de multas a transportadores pelo descumprimento da tabela obrigatória de fretes rodoviários. O pedido foi incorporado à ação da entidade que tramita no STF e que pede a inconstitucionalidade da lei do tabelamento. “Se questionamos a inconstitucionalidade não faz sentido o pagamento de multas”, disse Rudy Ferraz, chefe da assessoria jurídica da CNA.
A expectativa da entidade é de que essa demanda pontual seja julgada pelo relator do processo, ministro Luiz Fux, antes do dia 20, quando começa o recesso no Judiciário. Não há previsão para o julgamento do mérito da ação.
O presidente da CNA, João Martins, afirmou que a tabela de fretes foi criada “por uma excrescência de política errada”, com aumentos mensais dos preços do diesel que causaram a greve de caminhoneiros, em maio deste ano, e, posteriormente, a legislação.
“Com correções devidas e anulação de impostos, o diesel vai chegar a um preço que a tabela não tem razão de existir. Mas vamos continuar a bater que não concordamos”, afirmou Martins.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
Foto: Ivan Bueno/APPA